quarta-feira, 2 de julho de 2008

2º Congresso Missionário Nacional

Entre os dias 1º e 4 de maio aconteceu o 2º Congresso Missionário Nacional, no santuário de Aparecida, com a participação de mais de 600 pessoas, vindas dos quatro cantos do Brasil.
O objetivo do congresso, cujo tema era: "Do Brasil de batizados ao Brasil de discípulos missionários sem fronteiras", foi "assumir decididamente a nossa natureza missionária à luz do documento de Aparecida em vista do próximo Congresso Missionário Latino-Americano CAM3 - COMLA8".
Foram quatro dias de entusiasmo missionário, alimentado sobretudo pelos testemunhos de leigos e leigas, religiosos e religiosas, com experiência de missão além-fronteira. em Aparecida, a Igreja do Brasil se colocou na ecuta dos missionários e missionárias, para um seguimento e um anúncio de Cristo mais generoso e explicito, não só no Brasil, mas no mundo inteiro.
O Congresso abriu-se com uma solene celebração no Santuário, presidida por Dom Sérgio Castriani, bispo de Tefé, presidente do Conselho Missionário Nacional e presidente de honra do congresso, e por 17 bispos e mais de 80 padres. dom Sérgio lembrou que o Congresso acontecia no mesmo local que, há um ano, acolheu a V Conferência do Episcopado Latino-Americano e Caribenho, e insistiu: "Não podemos cair na armadilha de nos fecharmos em nós mesmos. é preciso abrirmo-nos para a vida missionária. nosso pedido é que o Brasil de batizados passe a um Brasil de discípulos missionários. queremos que a nossa Igreja se anime mais para sua vida missionária que se realiza no dia-a-dia de nossas comunidades e paróquias".
O encontro foi iluminado pela passagem bíblica de Emaús (Lc 24, 13ss), em que os discípulos a caminho descobrem Jesus vivo no meio deles, partilhando o pão da Eucaristia e, a partir daí, recobrando as esperanças, partem para a missão. Quatro palavras orientam todo o congresso: caminho, encontro, partilha e envio.

CAMINHO

O primeiro dia foi o do caminho: como os discípulos de Emaús, também caminhamos de todos os cantos do Brasil até Aparecida. Havia representantes dos dezessete Regionais que compõem a Igreja do Brasil. padre Daniel Lagni, diretor nacional das Pontifícias Obras Missionárias (POM), abriu os trabalhos, chamando a atenção dos participantes: "Somos uma Igreja que muito recebeu... É chegada a hora de romper de vez com os tímidos e estreitos círculos de uma consciência e prática missionária doméstica, por mais necessárias e inquietantes que sejam". E ainda: "Uma Igreja local não pode esperar atingir a plena maturidade eclesial, e, só então, começar a preocupar-se com a Missão além do seu território. A maturidade eclesial é consciência, e não apenas condição, de abertura missionária".


O ENCONTRO

O empolgante encontro que os discípulos de Emaús tiveram com jesus transformou suas vidas. No segundo dia, fomos iluminados por este encontro e convidados a fazer a mesma experiência ajudados por três assessores. O frei Santiago Ramires Alonso, teólogo capuchinho do Equador, onde acontecerá em agosto o CAM3-COMLA8, abordou o tema: "Aperspectiva ética da família humana universal na Gaudium et Spes". Ele recordou que a Igreja "se sente íntima e realmente solidária com a família humana universal e sua história. Com respeito e amor, quer dialogar acerca de todos os problemas, iluminá-los à luz do Evangelho e colocar à disposição do gênero humano o poder salvador que recebe de seu fundador".
Agenor Brighenti, sacerdote diocesano de Tubarão - SC e teólogo do ITESC (Instituto Teológico de Santa Catarina), aprofundou o tema: "A opção pelos pobres e a urgência da missão quarenta anos depois de Medellín" Declarou: "A renovação do vaticano II pssa pela ousadia de Medellín, que concebe a missão como comunhão no seio de pequenas comunidades em vista da fraternidade entre todos os seres humanos".
A terceira conferência, abordando o tema do encontro: "Do Brasil de batizados ao Brasil de discípulos missionáios sem fronteiras", foi feita pelo padre Paulo Suess, professor de missiologia no ITESP (Instituto Teológico de São Paulo). Ele disse que "deus, que ouve o grito dos pobres, nos envia em missão à periferia do mundo para justamente na 'saída', no 'êxodo'. Isso não é excusivismo de alguns, mas é dever de todos os batizados". Na parte da tarde, os congressistas, divididos em 12 grupos ou mutirões, debateram temas como: paróquias missionárias, juventude e infãncia missionária, a tarefa dos leigos diante da missão, a presença profética dos consagrados, comunicação, diálogo e ecumenismo, povos indígenas e afro-descendentes, animação missionária. Os resultados foram apresentados num plenário dinâmico e criativo.

A PARTILHA

Como os discípulos de Emaús partilharam o pão da eucaristia, partilhamos o pão da missão.
Foi o momento mais empolgante do congresso. Muitos aplausos espontâneos diante das experiências partilhadas do Moçambique à Coréia, da Amazônia à Guiné Conacri, do Timor Leste à Índia. O grupo de africanos testemunhou a missão dos brasileiros na África e a experiência de africanos no Brasil. Deles, a maior provocação: "Viemos até vocês. Por que vocês não vêem até nós?".
Padre Luiz Carlos Emer, do RS, missionário da Consolata na Ásia, disse: "A missão da Coréia mostrou-me que Deus está, de fato, presente em todos os povos e religiões, mesmo quando as pessoas não estão conscientes disso..., pois testemunhei os mais altos e belos valores humanos no meio daquelas pessoas. Valores que só podem ser cultivados onde Deus está presente".
E Mônica G. Machado, de SP, médica e missionária leiga na Guiné Conacri, desabafou: "Lembro-me com clareza da primeira criança que vi morrendo... E eu, sem o material necessário para bem assisti-la... Uma sensação de impotência, de fracasso... Joguei o estetoscópio no chão! Explodi! Gritei: 'Não vim aqui para ver crianças morrendo!'. Naquele momento, lembrei que podia rezar. Juntamos-nos em torno dela, buscando acompanhá-la na sua entrada nos céus! Pedindo a Maria que a pegasse pelas mãos".

O ENVIO

Como os discípulos de Emaús voltaram alegres a Jerusalém, também vivenciamos o último dia como um verdadeiro envio, para voltarmos às nossas comunidades e inflamarmos os corações para a missão.
A Missa no Santuário, com 25 mil romeiros, encerrou o Congresso. O arcebispo de Aparecida, dom Raymundo Damasceno Assis, presidiu a celebração e, em sua homilia, conclamou os cristãos a se tornarem discípulos de Jesus Cristo. "Não podemos ficar em espera passiva, mas precisamos ir e anunciar que o mal e a morte não têm a última palavra".
O Congresso encerrou-se com uma cerimônia de envio. A alegria era visível nos rostos de todos. "Os participantes mostraram que estão comprometidos e que têm clareza da missão. Isso dá esperança de que a Igreja do Brasil se abra mais à missão e vença seus limites", afirmou o frei Santiago.

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